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9 de maio de 2025

Dá pra quem quer, quando quer

Tela atribuída a Christoph Bockstorfer -
Ano: 1524

Meu evangelho favorito é aquele segundo Lucas. Poderia elencar aqui meus motivos, mas vou citar só um: a passagem sobre Dimas. Não te lembra? É aquele trecho em que Jesus crucificado garante a um dos dois ladrões, na mesma situação que a Dele, que estará Consigo no paraíso. Numa das primeiras vezes em que li (da primeira exatamente, não me lembro), fiquei estupefata: "Como assim? Um bandido ganhando os céus?!?".

8 de dezembro de 2024

Como Se Sentir Limpo

Tela: Pilatos Lavando As Suas Mãos (detalhe)
Ano: 1308-11 - Autor: Duccio di Buoninsegna

Algumas composições da Música Popular Brasileira (MPB) nos convidam a... Viver. Como se não o soubéssemos, como se o fizéssemos malfeito. Uma dessas canções é "Como dizia o poeta", na qual a dupla Toquinho e Vinícius de Moraes cantam: "Quem já passou/ Por essa vida e não viveu/ Pode ser mais, mas sabe menos do que eu/ Porque a vida só se dá/ Pra quem se deu/ Pra quem amou, pra quem chorou/ Pra quem sofreu, ai". Em outra música, "Daquilo que eu sei", Ivan Lins canta: "Não fechei os olhos/ Não tapei os ouvidos/ Cheirei, toquei, provei/ Ah, eu/ Usei todos os sentidos/ Só não lavei as mãos/ E é por isso que eu me sinto/ Cada vez mais limpo!". Eu sei de alguém que viveu pela metade, porque ignorou os seus sentidos: Pôncio Pilatos.

4 de dezembro de 2024

Por que perdoar um amigo

Foto: Milton Nascimento
Autor: Carlos Ebert from São Paulo, BrazilGRU
(CC BY 2.0)

A música "Canção da América", um hino às boas e inesquecíveis amizades, completou neste ano de 2024, 45 anos de criação. Nascida do violão e da pena de Milton Nascimento e Fernando Brant, a sua letra diz que "Amigo é coisa pra se guardar/ No lado esquerdo do peito/ Mesmo que o tempo e a distância digam: Não...". Cá entre nós: não é só o tempo e a distância que podem dizer "não" a uma boa amizade. Um deslize ou sobretudo uma traição também abalam esse relacionamento.

A propósito, a mais famosa das traições é a que Judas empreendeu contra Jesus. Sendo um de Seus discípulos mais próximos (era quem cuidava da bolsa comum, ou seja, dos bens do grupo), decidiu entregar seu Mestre e amigo aos chefes dos sacerdotes através de um beijo. Porém, houve uma outra traição marcante contra Jesus, cometida não muito depois dessa, quando outro discípulo, Pedro, nega Jesus por três vezes no pátio da casa do sumo sacerdote Caifás.

Há um dito popular que, embora não esteja nas Escrituras, teria inspiração bíblica: "Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és". Essa expressão faz todo o sentido. De tanto andar com Jesus e se deixar influenciar por Ele, Pedro foi ganhando uma outra cara. Um jeito novo de sentir e de se colocar no mundo. A gente percebe isso muito bem entre as freiras de um convento ou os monges de um mosteiro: ainda que não sejam, parecem iguais, porque compartilham um modo de levar a vida.

29 de novembro de 2024

Aos que gostam de ouro de tolo

Foto: Raul Seixas (1972) - Fonte: Arquivo Nacional

"Ouro de Tolo" é um clássico da Música Popular Brasileira (MPB), que aprendi a cantar criança ainda. Eu só não entendia por que a canção se chama assim: pra mim, o título não evocava a letra, que fala de um homem frustrado, não obstante tantas conquistas - especialmente, materiais. Então eu cresci e descobri que a harmonia entre título e letra é afinadíssima: ouro de tolo é uma expressão pra tudo aquilo que não é valioso de verdade, que não passa de ilusão.

Todos somos atraídos pelo que brilha: ouro, prata, brocados, pedras preciosas... O carnavalesco Joãozinho Trinta numa vez teria dito: "Pobre gosta de luxo". Acontece que excesso de brilho ofusca a visão. Quem nunca tentou olhar para o Sol? É uma experiência desagradável para os olhos; como ficar obcecado por um ouro de tolo é a experiência desagradável de toda uma vida - como bem admitiu Raul Seixas, autor e intérprete da canção.

Jesus também sabia disso e Se esforçou pra dividir esta sabedoria conosco: o que realmente importa é como a pérola, que fica escondida na ostra, ou o tesouro, enterrado no campo. Fica no obscuro, é ignorado, não dá nas vistas. Não tem prestígio. Está nas entrelinhas, nas margens, nas periferias...

23 de maio de 2023

Jesus foi ovelha negra sim!

Foto: Rita Lee em maio de 1972 -
Fonte: Arquivo Nacional

É só jogar no Google: conforme o site da Fiocruz, ovelha negra é "uma expressão popular para descrever uma pessoa que foge aos padrões. A ovelha negra da família pode se destacar pela rebeldia de buscar um destino diferente daquele programado para ela ou por ser um rebelde sem causa". Rita Lee, que nos deixou neste mês de maio, sagrou-se como cantora em carreira solo nos anos 1970, justamente com um hit intitulado "Ovelha Negra". Na Missa de Sétimo Dia pela sua alma, o padre que fez a homilia foi taxativo:

Rita Lee cantou tanto e gosto muito, porque, quem não tem uma ovelha negra na família? Jesus era ovelha negra. Ué: o povo de Israel queria só saber dos milagres, dos prodígios, mas não queriam saber da palavra. Não queriam entender o que é que aconteceu. E foi crucificado. Não é uma ovelha negra? É. É uma ovelha negra: é deixado de lado, é separado, não é compreendido...

Jesus era um rebelde. Desde ante as expectativas familiares, quanto diante das expectativas messiânicas.

17 de abril de 2023

Gil, Elis e Jesus ensinam a rezar

Tela: The Agony in the Garden of Gethsemane (1590), El Greco

O compositor Gilberto Gil tem uma música chamada "Se eu quiser falar com Deus", eternizada pela cantora Elis Regina. Uma das partes dessa canção diz: "Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que aceitar a dor/ Tenho que comer o pão/ Que o diabo amassou". Estou relendo o evangelho segundo São Lucas e o capítulo quatro conta a provação de Jesus no deserto. Na primeira tentação, o demônio Lhe oferece uma pedra, para que a transforme em pão. Cheio do Espírito Santo (pois havia acabado de ser batizado), Jesus - apesar de estar com fome - Se recusa, citando um trecho do livro do Deuteronômio: "Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus".

Na Bíblia, Ele nos mostra como lidar com o demônio, mas sobretudo como conversar com Deus.

5 de abril de 2015

Mestres da Pintura pra desejar FELIZ PÁSCOA!

Tela: Polyptych of the Resurrection (1520-22), Ticiano

           Egon Schiele, Édouard Manet, William Blake, Jacopo Tintoretto, Carl H. Bloch, Ticiano, Caravaggio, Vincent van Gogh, Hubert van Eyck (or Jan van Eyck), Rafael Sanzio, Bartolomé Bermejo, Rembrandt, Peter Paul Rubens e até mesmo o libidinoso Paul Gauguin reunidos neste post do Blog a Católica, a fim de lhe desejar uma FELIZ PÁSCOA!

Espero que curta!

Saúde e Paz!!


"Por Sua morte, a morte viu o fim"
(Canção atribuída a D. Carlos Alberto Navarro e Waldeci Farias)

Tela: Crucificação, Egon Schiele (1890-1918)

Por Sua morte, a morte viu o fim;
no Sangue derramado a vida renasceu.

Tela: Le Christ mort et les anges (1864), Édouard Manet

Seu pé ferido nova estrada abriu
e nesse Homem, o homem enfim se descobriu.

26 de janeiro de 2014

Barata Tonta: ele faz 2 anos!

(Fotografia: "Barata Tonta" - acatolica.blogspot.com)


Sempre AMEI a canção Barata Tonta, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Muito, muito provavelmente é a minha preferida dos dois. Porém, sempre a cantei para um dos homens por quem me apaixonei ao longo de quase 40 anos de vida!... Só após (friso: após) haver me tornado MÃE, percebi que ela foi feita para uma criança! São eles - nossos filhos - que "aprontam" e que "depois nos dão um beijo, nos fazem um gracejo e nos desmancham todas"!...

Para o rapazinho que entrou na minha vida (na minha barriga!) em maio de 2011 e que completa 2 aninhos em 2014, eu ofereço este Post do Blog A Católica. Todas as fotos - friso: todas - foram tiradas em Belo Horizonte (Minas Gerais, BRASIL) e São Paulo capital (BRASIL) entre dezembro de 2013 e 19 de janeiro de 2014 pela mamãe Barata Tonta do aniversariante! Ao final, você pode curtir toda a beleza da canção, através de um vídeo/áudio do You Tube. Boa degustação!

19 de dezembro de 2013

A Católica e as EMOÇÕES de 2013. Feliz 2014!


Ao som do rei Roberto Carlos
e com as imagens dos fatos e das pessoas
que marcaram o ano, A Católica lhe deseja...

... BOAS FESTAS!


(Roberto Carlos, cantor brasileiro, em abril de 2009.
Fotografia de Andréa Farias Farias)



Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo

Nathan de Brito, o menino que fez Papa Francisco chorar
durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) -
Julho de 2013 - Fotografia: ACI Digital/ Canção Nova



São tantas já vividas
São momentos
Que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui

Benedict XVI announce his Resignation Letter

Bento XVI anuncia a sua renúncia ao Papado
- 11 February 2013 - Fotografia de Andreijoshua



Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo

(Nelson Mandela in Johannesburg, Gauteng,
on 13 May 2008 - South Africa The Good News)



Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar

Milhares de pessoas fazem passeata em homenagem às
mais de 230 pessoas que morreram no incêndio da Boate Kiss
Santa Maria (RS), BRASIL - 29 de janeiro de 2013 - Wilson Dias/ ABr



Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

O ex-deputado federal José Genoino (PT-SP),
condenado no processo conhecido como "mensalão"
Novembro de 2013 - Foto: Ana Paula (acatolica.blogspot.com)



São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui

Manifestação na Avenida Paulista rumo ao Parque Ibirapuera,
São Paulo (BRASIL) - 23 de junho de 2013 - Foto: Marcelo Camargo/ABr



Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo

The Duke and Duchess of Cambridge with Prince George
outside the Lindo Wing of St Mary's Hospital

O Duque e a Duquesa de Cambridge (William e Kate) com Príncipe George
na saída do Hospital Santa Maria, em Londres (Inglaterra)
- 23 de junho de 2013 - Foto: Christopher Neve



Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais

Papa Francisco durante audiência com a Presidenta do Brasil
Dilma Rousseff (detalhe) - 20 de março de 2013 -
Presidência da República/ Roberto Stuckert Filho - ABr



Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

Clube Atlético Mineiro, Campeão da Copa Libertadores da América
- 24 de julho de 2013 - Foto: Site Oficial do time



Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

Cruzeiro Esporte Clube, Tricampeão Brasileiro
- 1º de dezembro de 2013 - Foto: Site Oficial do time



Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

Autorretrato no espelho com a camisa oficial do Cruzeiro de 1993
- 15 de outubro de 2013 - Foto: Ana Paula (acatolica.blogspot.com)







29 de setembro de 2013

A CATÓLICA no show do Fábio Jr. em BH

Junto ao meu colar TAO, de São Francisco, e à imagem de Teresa de Ávila,
os ingressos do show de um artista que admiro tanto...
Sou católica inserida no mundo! E viva a Música Popular Brasileira (MPB)!

(Imagem: Site oficial do Fábio Jr.)

(Fotografia de Ana Paula - acatolica.blogspot.com)

Nesta semana o programa infanto-juvenil Bem da Hora, da TV Canção Nova, terminou falando sobre o cuidado que os pré-adolescentes devem ter com a música que escolhem para ouvir. Que a gente pensa que as canções que escutamos não nos fazem mal, são coisa "à toa", mas na verdade, de algum modo, acabam influenciando a nossa vida, nosso bem-estar, nosso jeito de ser.

Vira e mexe, na Blogosfera católica, há bloggueiros ou internautas que se dispõem a assumir as suas preferências musicais, como O Catequista, que escreveu sobre a sua experiência na mais recente edição do festival Rock in Rio, que ocorreu há pouco na cidade do Rio de Janeiro, aqui no Brasil. Não é fácil.

Porque há blogueiros e internautas católicos que acreditam que blogueiros, internautas e fiéis católicos não podem ouvir todo tipo de música. Eu mesma, aqui n'A Católica, fui criticada por um internauta anônimo que me assegurou que uma "católica e cristã" não pode gostar de carnaval - vide o Post Eu amo o carnaval: I LOVE carnival.

Fica a dúvida: um católico apostólico romano só pode ouvir canções "de Igreja"? Só é permitido colocar na vitrola os discos do Padre Marcelo Rossi; do Padre Zezinho, scj; do Dunga; do Márcio Todeschini; da Eliana Ribeiro; da Salette Ferreira, enfim, de artistas que só falam de Deus, de Nossa Senhora, do Espírito Santo, dos anjos e, claro, de Jesus?

Quem é que definiu isso? Que católico de verdade só pode ouvir canto gregoriano e demais cantigas litúrgicas?

Repito uma frase que li certa vez no Blog de uma católica, que é casada: "Estou morta para o mundo..." (!!). Eu, não. SE eu quisesse "morrer" para o mundo (e nem assim seria uma morte), estaria em um convento ou em um mosteiro. SE eu optei por ser leiga, por viver fora de um monastério, isso me dá o direito de usufruir das coisas do mundo. De me inserir nele. Ei: não foi isso que Jesus Cristo fez?

Por isso, caro internauta d'A Católica, é que aceitei o convite do meu marido de irmos juntos ao show do cantor brasileiro Fábio Jr., que ocorreu no finalzinho da noite desse sábado, 28 de setembro, aqui na cidade onde vivemos, em Belo Horizonte (BRASIL).

5 de maio de 2013

A CATÓLICA no show do Paul McCartney em BH!

O cantor, compositor e pintor de Liverpool (Inglaterra)
é exemplo de vocação vivida em plenitude, mesmo na Terceira Idade.
Durante 2 horas, ele me fez sonhar... E CHORAR muito!...

The Beatles, playing for the Dutch broadcast org VARA in 1964 - Guitarpop (talk)

Paul McCartney performs in Dublin, Ireland on July 10, 2010 - Fotografia de Fiona

Foi uma experiência emocional. Quando Paul McCartney entrou no belíssimo palco armado no Mineirão (Belo Horizonte, Minas Gerais, BRASIL), entoando a primeira música que aprendi a cantar dos Beatles: Eight Days a Week; meus olhos marejaram, comecei a chorar e assim foi toda a primeira hora do show...

... Nunca imaginei que um dia estaria numa apresentação do meu Beatle favorito.

Ele ali, lindo naquele terno azul bebê, camisa branca, gravata e calça pretas. "Boa Noite. É ótimo estar aqui em BH. Povo 'bão'!...", imitando o sotaque da terra onde nasci e vivo. "Finalmente, Paul veio falar UAI!", prosseguiu, antes de entoar All My Loving. Por vários momentos, o setentão que não perde o jeitão de rapaz se comunicou conosco, em bom português, arrasando com nosso coração já conquistado.

Entre inumeráveis trocas de violão e guitarra; ajeitadas estratégicas na calça preta que teimava em descer (conforme podíamos constatar pelos telões), gingados com o quadril e sorrisos marotos para a plateia, o show de Paul foi um desfile de canções que embalaram, sobretudo, a minha adolescência, nos idos dos anos 1990: Lady Madonna; Ob-La-Di, Ob-La-Da; The Long And Winding Road; Let it Be...

... A diferença é que eu não estava no chão da casa dos meus pais, de frente para o aparelho de som, e sim confortavelmente acomodada na cadeira cinza do setor Cadeira Amarela (!!), cantando junto a milhares de fãs. Não estava mais só. E não era mero vinil ou CD. Era "o cara" ali, uma formiguinha no palco, pela distância em que me encontrava, mas um gigante naquele telão de alta definição.

A cada linda canção - Another Day (uma das minhas favoritas); Your Mother Should Know; Eleanor Rigby -, lágrimas teimosas, inconvenientes, brotavam dos meus olhos: "Pela primeira vez, estou cantando junto ao meu ídolo. Paul e esse monte de gente. E, no meio dessa gente, eu!". E eu cantei... Como cantei...

3 de agosto de 2012

Dois pra lá, dois pra cá... Blog A Católica faz 2 anos

Jaime Augusto completou 6 meses, A Católica fez 2 anos
e eu reflito sobre a Felicidade e... Danço!


Imagem: Ballerina oil painting - Flasher

Todos nós temos N questões pendentes a resolver: um regime a ser feito, uma contabilidade a ser concluída, uma monografia a ser entregue, um vazamento pra consertar. Dentre elas, acabamos elegendo uma ou duas que são mais prementes. A minha é: preciso ser mais leve. A aparente fragilidade do meu aspecto físico contrasta bravamente com o peso da minha alma. Não no sentido de "sabedoria" nem de "profundidade", e sim no de levar tudo, como dizemos aqui no Brasil, "a ferro e fogo".

Quase tudo para mim é pesado, complicado, intenso. Bastam uma desordem, uma dificuldade ou mero um contratempo para eu despender horas, dias, semanas a fio em debates com os outros e comigo mesma... Até esgotar a questão.

Estou cansada.

Cansada de levar tudo e todos tão a sério. De riscar com pincel atômico vermelho (ou preto) tantas coisas, dando a muitas delas uma importância, uma gravidade, que não têm.

Decidi ser leve. Lutar para ser leve.

Essa é uma questão que já abordei em pelo menos 2 Posts do Blog A Católica: A sustentável leveza do ser e A sustentável leveza do ser - parte 2.

A Lu Monte, responsável pelo delicioso Blog Dia de Folga, publicou recentemente um Post no qual relata que vem abrindo mão de roupas, CDs e maquiagens que acumulou ao longo de sua vida. A cada ponderação das centenas de coisas que adquiriu, ela concluía: "a felicidade não estava ali".

Eu também preciso me livrar de inúmeros "bens materiais".

Dentre eles, toneladas - e não estou exagerando - de papéis, xerox, recortes de jornais e de revistas. Agora, decidi guardar textos e trechos interessantes que li somente na memória e no coração, em vez de no meu armário - que já não comporta mais nada. Igualmente, quero me livrar de várias roupas - embora minha mãe ache que as tenho bem poucas e meu marido, que uso "sempre as mesmas"...

22 de dezembro de 2011

Esperar: um verbo cheio de atitude

Ao contrário do que muitos imaginam,
o verbo esperar não tem nada de "passivo":
implica movimento e mudança (não é isso o que queremos?)


Imagem: Warten auf den Liebsten (1923), Carl Mücke

Em Samba da Bênção, o Poetinha Vinícius de Moraes afirma que "A Vida é arte do encontro/ Embora haja tanto desencontro pela vida/ Há sempre uma mulher a sua espera/ Com os olhos cheios de carinho/ E as mãos cheias de perdão...". Eu penso que a Vida é arte da espera. Você lasca a forma no forno e espera a massa crescer, o bolo ficar pronto. Você investe em seus estudos e espera pelas oportunidades. Você fala e fala e fala com alguém e espera as suas palavras frutificarem. E por aí vai...

Há quatro significados do verbo esperar que me tocam: 1) Ter esperança; 2) Contar com; 3) Aguardar e 4) Armar emboscada a. Todos eles me mostram que um ditado popular aqui no Brasil faz todo o sentido: Quem espera sempre alcança. Por quê? Porque esperar, ao contrário do que o verbo nos levaria a supor, não implica imobilidade, acomodação, e sim, conforme os significados vistos acima, movimento, atitude, ação.

Vejamos: aguardar, entre outros sentidos, é vigiar. Isso é uma ação.

Senior Chief Photographer's Mate Mitchell -
Fonte: U.S. Department of Defense's Defense Visual Information Center

À espera de algo acontecer em minha vida, eu necessariamente não estou assentada num banco de praça ou parada em frente à janela "vendo a banda passar". Estou em alerta. Vigio. Ouço, penso, considero e reconsidero posições, opiniões e comportamentos. Se algo diferente ocorre, fujo, grito, mudo de direção, porque estou em alerta, já que eu espero, ou seja, aguardo, ou seja, vigio.

Esperar também significa contar com. Entre outros sentidos, contar quer dizer ter confiança.

Eis algo dificílimo, que aprendemos muitas vezes graças ao apoio e aos conselhos de pessoas importantes na nossa trajetória, como nossa mãe: "Tenha confiança, meu filho. Vai dar tudo certo". Assim, ao longo dos anos, de confiança em confiança, aprendemos a caminhar, a andar da bicicleta, a dar um mergulho na piscina ou no mar, a falar em público diante dos colegas e a pedir aquela menina linda em namoro (certo?).

Sem a atitude de ter confiança, até mesmo o ato de nos pormos de pé, todos os dias pela manhã, se torna um desafio que nos impõe medo e... Inação. (É só perguntarmos às pessoas que sofrem de depressão como elas se sentem tão sem confiança nelas mesmas, nos outros, na vida.)

Isso nos leva a outro significado de esperar, qual seja, ter esperança.

Lembro, ainda no colégio, um poema que aprendi atribuído ao poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), o qual me impressiona bastante. Até hoje.

15 de dezembro de 2011

E as águas estão rolando em BH (e como)

Chove sem parar há cerca de 4 dias na cidade que amo, aqui no Brasil.
Neste Post d'A Católica, uma síntese do que ocorre e
um reflexo do meu estado de espírito

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.blogspot.com)

Nasci e vivo numa cidade que há poucos dias completou 114 anos de criação. Eu amo Belo Horizonte - ou Belô, ou BH, como carinhosamente a chamamos. Amo.

Tenho orgulho de aqui ser o berço do Clube da Esquina (cuja estrela mais reluzente é o cantor e compositor Milton Nascimento); da banda pop Skank; do grupo de dança contemporânea Corpo e do grupo de teatro Galpão. Estamos cercados pela Serra do Curral, comemos pão de queijo, bolo de fubá, feijão tropeiro e couve picadinha e jogamos conversa fora no boteco. Adoro tudo isso.

Acontece que, de quatro dias para cá, a cidade que avisto da minha janela lateral e que vejo nos noticiários na televisão está um tanto irreconhecível: não para de chover. Com isso, a paisagem azul, iluminada e verde está branca e cinza; as pistas onde os automóveis, caminhões, ônibus e micro-ônibus transitam estão alagadas; os canteiros e passeios, amarronzados ou cor de caramelo - é a lama, é a lama, é a lama.

Aqui no Brasil, tem um hino do folclore popular que o povo nordestino costuma entoar, pedindo chuva a São José:

Glorioso São José
Glorioso São José
Dai-nos chuva em abundância
Glorioso São José.

Hoje, posso afirmar: nada em abundância é legal. E isso inclui a chuva.

A água que cai do céu nesses últimos dias aqui em BH é tanta, é tamanha, que confesso a você: estou profundamente irritada. As enchentes que se formaram, alagando vias como as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado; asfaltos que afundaram e se romperam, ameaçando prédios, como no Bairro Gutierrez; encostas que deslizaram e interditaram túneis, como na BR 356, em frente ao Ponteio Lar Shopping...

... Assistir pela TV ao desespero dos belo-horizontinos é angustiante.

14 de dezembro de 2011

Canção de Marisa Monte para JESUS

Novo CD da artista brasileira tem composição
apropriada para entoar neste Natal,
quando recordamos a vinda de Cristo à Terra


(Photographer: Frank C. Müller)

Remetente: Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)
Destinatário: Menino Jesus

Nota: A exemplo do que fiz no Post As canções que só eu canto para JESUS, apropriei-me do mais recente sucesso da incrível cantora e compositora brasileira para dedicá-lo a Nosso Senhor, neste Natal de 2011. Ainda Bem é de autoria de Marisa Monte e Arnaldo Antunes.


Ainda bem
Que agora encontrei Você
Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você

Nativity (15th century) - detail: Nude Baby Jesus - Wolfgang Sauber

14 de novembro de 2011

O jantar dos bichinhos e o sentido da vida

A morte faz parte da vida e lhe dá sentido.
Nossa meta deveria ser acertar de primeira, em vez de
fazer a maioria das coisas com má vontade

(Imagem de David Wagner)

Nunca vou me esquecer daquele dia em que Mamãe Gali fez a minha irmã Andréa Cristina voltar pelo menos 4 vezes à padaria. Nós fazíamos um revezamento: num dia era a minha vez de ir; no outro, era a vez dela. Estávamos as duas entrando na pré-adolescência, naquela fase em que nosso corpo muda e tudo - absolutamente tudo - é motivo de vergonha. Principalmente andar na rua sozinha, com as pessoas nos olhando.

Naquele dia, Andréa Cristina estava "um poço de má vontade"... Chegou em casa com a quantidade errada de pães e sem o leite. Mamãe Gali a obrigou a retornar. Número 1. Depois, ela chegou com a quantidade certa de pães, mas se esqueceu do leite (de novo). Teve que voltar. Número 2. Em seguida, chegou em casa com o leite, mas a moça do caixa lhe deu o troco errado. Lá foi ela outra vez. Número 3. Por fim, ela tornou a não conferir o troco que a tal moça lhe deu. Meia volta para a padaria. Número 4.

A essa altura, meu estômago doía de tanto dar risada da cara da minha irmã, que era de pura desolação: morávamos no terceiro andar e ela subiu e desceu aquelas escadas zilhões de vezes!... Sem contar a vergonha ante os funcionários da padaria! Minha mãe só repetia o dito popular: "Preguiçoso trabalha mais". Pura verdade.

Algumas (ou muitas) vezes, temos uma tremenda falta de cuidado em fazer as coisas bem logo na primeira vez. Ou logo "de prima" - como na gíria do meu primo Carlos William, o Cacá. Damos muita moral à displicência. Uma coisa é errar querendo acertar. Outra bastante diferente é errar por desleixo, falta de concentração, preguiça mesmo.

Pensei nisso tudo depois de assistir no dia 5 de novembro ao programa Questões de Fé, da TV Horizonte.

Naquele sábado, o apresentador Padre José Cândido (da Paróquia São Sebastião, aqui de Belo Horizonte, no Brasil) refletia sobre o feriado de Finados* e afirmava que a função da morte é dar um sentido para a vida. De acordo com o pároco, a finitude dela nos oferece um foco, nos leva a reunir as nossas forças para atingir uma meta. Senão, viveríamos "de qualquer jeito", já que a nossa existência "não acabaria nunca"...

11 de novembro de 2011

Canção contra o Aborto


Nota: Este Post d'A Católica é dedicado a todas as mulheres que já abortaram. Tenho um profundo respeito e compaixão por cada uma delas. Desejo que a misericórdia de Deus as atinja de tal forma, que possam perdoar a si mesmas e seguir adiante. Apesar de tudo, somos todos filhos amados Dele. Que a Misericórdia Divina também chegue a seus filhos que não nasceram.

Este Post também é dedicado a meu primo Flávio Augusto, pai do Gabriel Augusto, que em 1999 me apresentou um dos melhores CDs que conheço: The Miseducation of Lauryn Hill (1998), no qual consta uma das mais lindas canções já gravadas: To Zion. Segundo li, trata-se de uma obra autobiográfica, composta e cantada pela norte-americana Lauryn Hill. Acompanhe.

24 de outubro de 2011

Vamos falar de homens, grosseria e personalidade?

Gritar, ser rude e agredir não tem nada a ver com "personalidade forte".
Aqui, você reflete comigo sobre (alguns) homens e crianças malcriadas


(Fotografia de Vera Kratochvil)

Um dos meus programas favoritos na TV chama-se America's Next Top Model. É um reality show (mais um) sobre 14 modelos selecionadas por uma equipe para viverem juntas em uma casa. Ao longo da temporada, elas realizam cerca de 14 provas, que eliminam - uma a uma - as que tiverem o pior desempenho, até que reste uma única modelo, que receberá o título que dá nome à atração, algo como: "A Próxima Top Model Norte-Americana".

Se não conhece o programa - ou se o conhece bem - deve estar desapontado por uma pessoa religiosa, que se diz católica, interessar-se por algo aparentemente tão bobo, tão fútil, perdendo o seu tempo diante da TV. Acontece, internauta d'A Católica, que temporada após temporada - a atração é exibida por um canal de TV a cabo -, eu me divirto à beça observando como a vencedora é, geralmente, aquela que a maioria das garotas desprezam.

A mais feia, a mais alta, a mais desengonçada, a socialmente mais calada e desinteressante, que prefere ficar isolada num canto, costuma fazer fotos belíssimas. Justo ela tem um dom para ser fotografada, o qual se mostra apenas diante das câmeras e especialmente depois que as poses são reveladas diante dos jurados.

É engraçado que, temporada após temporada, os jurados - encabeçados pela também modelo e criadora do programa, Tyra Banks - cobram das candidatas "personalidade". "Você está bem nessa foto, mas falta... Personalidade!", dizem até mesmo para aquelas que acabam se tornando vencedoras. É angustiante mirar a cara linda das candidatas contorcendo-se para tentar captar o conselho: "Personalidade? Como? Quer dizer que 'eu não sou eu'?...".

Mais engraçado ainda é ver os mesmos jurados, que cobram das moças lindas "personalidade nas fotos", mandarem de volta para casa justamente aquelas concorrentes cheias de... Personalidade! Num dos episódios a que assisti, Tyra Banks diz a uma moça negra, fotogênica e super-simpática: "Você tem 'personalidade demais'. É perfeita para uma carreira de cantora ou de atriz, não de modelo. Tchau e... Boa Sorte!". Vá entender, internauta!...

Personalidade, de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é "caráter ou qualidades próprias da pessoa"; "individualidade consciente". Se nos detivermos no primeiro significado, todo mundo tem personalidade - por mais que, às vezes, ela pareça apagadinha... Todavia, vamos no deter no segundo sentido, porque nem todo mundo tem consciência da sua individualidade (embora alguns se achem conscientes dela).

No mundo em que vivemos, confunde-se muito gritaria, grosseria e violência com "personalidade".

25 de maio de 2011

Viver é aprender a dizer Adeus

Tenho uma coleção de acenos que deixei no ar,
ao longo da minha vida. Minha irmã Andréa Cristina partiu,
como há muito tempo tanta gente querida anda fazendo

Goodbye, on the Mersey (1881), James Joseph Jacques Tissot

Acabei de assistir a um vídeo postado no Facebook. Um vídeo de despedida. Minha irmã, Andréa Cristina, deixou o seu emprego de Terapeuta Ocupacional da Prefeitura de Contagem, na Grande BH (Brasil), para morar na cidade de São Paulo com o marido, o engenheiro Luis Guilherme. Já falei sobre ela, e o trabalho incrível que desenvolve, aqui no Blog A Católica, no Post Homenagem aos Católicos Não-Praticantes.

Só para retomar (e em síntese).

A especialidade da minha irmã - que tem uma Pós-Graduação nisto - é promover a participação dos Deficientes Mentais na sociedade. Tratam-se de pessoas que sofrem de doenças como a esquizofrenia. E ela era uma funcionária pública exemplar. Começou a carreira na cidade de Divinópolis, no Oeste do estado brasileiro de Minas Gerais, depois passou em um outro concurso público, a fim de trabalhar mais perto da capital de Minas, Belo Horizonte.

Andréa Cristina foi a pioneira, se não me engano tanto em Divinópolis quanto em Contagem, em literalmente "correr atrás" de espaços culturais aonde ela pudesse levar os seus pacientes. Locais, como: museus, galerias de arte, cinemas e teatros. Minha irmã telefonava, explicava a importância de eles receberem os doentes mentais e conseguia ingressos gratuitos. Por isso, ela tem um compêndio de histórias hilárias, envolvendo seus pacientes. E outras emocionantes.

16 de maio de 2011

Quando Eu Flor, Quando Tu Flores...

... Quando Todo Mundo Flor. Neste Post despretensioso e um tanto egocêntrico
(com fotos d'A Católica), uma canção, muitas flores e um desejo:
que cada um de nós conjugue - na prática - a alegria de ser leve. Como uma flor.

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.blogspot.com)

O Verbo Flor
(canção de Renato Rocha. CD: MPB-4 - Adivinha O Que É)

O verbo flor
É conjugável
Por quase todas
As pessoas
Em certos tempos
Definidos
A saber: