1 de dezembro de 2010

"50 santos": um livro que ajuda você a ser bem-sucedido na VIDA

Monge pinça 50 santos e, através da legenda deles, ressalta traços
da nossa personalidade que precisam ser melhorados, a fim de sermos felizes!

Se você entrar, num dia, em uma livraria católica em busca de algo para ler que possa ajudá-lo a melhorar, de verdade (e rápido) como ser humano, um livro que pudesse dar UMA SACUDIDA no seu jeito de viver e encarar os desafios, então, sugiro que escolha este: 50 Santos (Edições Loyola, 2005). De longe e de perto, um dos livros católicos mais marcantes que li até agora. Veja o que o autor, o monge beneditino (da Ordem de São Bento) Anselm Grün, diz logo na 1ª página:

As pessoas têm medo do fracasso, (...) de ficar para trás, de não conseguir se realizar. Um sentimento deprimente de não poder mais controlar a vida paralisa muitas pessoas. E talvez de fato elas precisem algum dia confessar honestamente a si mesmas: "Não vivi como devia. Não consegui o que queria. (...)". Outras, pelo medo (nem sempre confessado) da morte, se entregam a atividades cada vez mais agitadas. Fazem um monte de coisas, mas no íntimo estão petrificadas num hábito vazio".

A proposta do autor é, através da fé na intercessão dos santos e de uma reflexão original sobre a história deles, buscar um auxílio, uma luz para que possamos viver a vida intensamente, com o sentido que acreditamos que ela deve ter. Ele explica:

Quem estudar a vida dessas pessoas [os santos] notará que elas eram tão dilaceradas e feridas quanto nós, sofriam como nós com seus erros e fraquezas, com as feridas e fraturas de sua biografia, e também passaram por experiências dolorosas. Atravessaram crueldade e brutalidade, rejeição e ofensa. Contudo, não se desesperaram, mas se seguraram em Deus. E (...) foram "coroadas": sua vida no fim teve êxito.

O monge completa:

Então vejo (...) na vida e na pessoa de um santo o que Deus faz para os homens e como Ele também pode me libertar de todas as aflições. No santo vejo a ação de Deus sobre nós. A base disso não é a magia, mas a confiança: confio que Deus também agirá sobre mim, como fez com o santo. Os santos são (...) sinais da esperança de que minha vida também terá êxito.

E qual foi o critério de Anselm Grün para pinçar os 50 de seu livro dentre os milhares da Igreja Católica? "O critério da minha escolha é simples: selecionei santos que me dizem algo pessoalmente e que são celebrados no decorrer do ano eclesiástico pela Igreja", responde na página 20. Duas ausências foram sentidas por mim: as de Santo Expedito e de Santa Rita de Cássia. Contudo, isso não compromete a minha enorme admiração por esse magnífico trabalho!

Estrutura e trechos da obra:

Pintura de El Greco (1541-1614)
Os capítulos são intitulados com o nome dos santos e uma frase que resume o que podemos aprender com sua biografia. Por exemplo: o título do capítulo dedicado a Santo Antônio de Pádua é "entre em contato com seu centro criativo". Após resumir a história do santo, Grün escreve:

Quem observar com cuidado, notará como atravessa o dia irrefletidamente. Você não percebe o que faz. Deixa seu chaveiro ou os óculos em algum lugar. Como você não está em você mesmo, não nota que não é apenas a chave que se perde, mas você mesmo. Você não está em você. E por mais que reflita não consegue retornar para si mesmo. Tente-o com uma oração. Entre em contato com seu centro criativo. Você, de repente, terá a ideia de onde procurar. Isso não vale apenas para objetos perdidos [Santo Antônio é invocado por muitos fiéis para encontrá-los]. Vale para todas as situações difícieis. Afaste-se do problema.

A reflexão acerca da vida de Santa Cecília, tida como a padroeira dos músicos e também da música sacra, é um dos pontos altos do livro para mim. Aprendi muito com as considerações de Anselm Grün. Você poderá dar uma olhadela no que achei desse capítulo específico no Post Aprendendo a sofrer com CECÍLIA.

São Francisco - 1224 ou 1228 - Anônimo
As páginas sobre o Pobrezinho de Assis intitulam-se "anime-se com sua própria alegria". Depois de afirmar que "os biógrafos concordam que nenhum outro santo fez brilhar tanto a imagem de Jesus neste mundo como Francisco" e que "ele não junta provisões, vive na confiança", o autor pontua:

Todos nós buscamos felicidade e a procuramos muitas vezes em atividades que nos prometem prazer e comodidade - e não nos levam ao encontro de nós mesmos. (...) A felicidade também já está presente em seu coração. Muitas vezes você está apenas separado dela. Entre em contato com sua felicidade. Anime-se com ela. Então sua vida não será mais determinada por reconhecimento e atenção, por sucesso ou fracasso, mas pela felicidade interna que está em você e que ninguém lhe pode arrancar, porque ela jorra de uma fonte mais profunda.

O título da parte dedicada a São Huberto, padroeiro dos caçadores, é: "escolha a meta de sua vida". Eis algumas das observações de Grün:

Nossas forças se intensificam apenas quando temos uma meta clara diante dos olhos, tal como o caçador dirige todos os seus sentidos para o animal que quer abater. A meta une as forças em nós que muitas vezes trabalham separadas. A meta nos conduz para o presente, para a presença pura. (...) Muitas pessoas não sabem mais o que querem. Elas beliscam em diferentes pratos de sua vida. Mas não conseguem escolher um caminho. Elas não têm uma meta real, pela qual podem se empenhar com todas as forças. Ou sua meta é simplória. É apenas o sucesso, a satisfação de necessidades momentâneas. (...) Como você descreveria a sua meta? Você vai atrás dela?

Fotografia de Yana Ray
O capítulo sobre São José, "perceba o que transforma o cotidiano", é o 2º ponto alto da obra, na minha opinião. Graças às considerações de Grün, passei a olhar para a rotina da minha vida com mais simpatia e até respeito. Veja o que o monge diz:

Reconhecer em José o santo que faz justiça ao momento é instrutivo, mesmo contra o pano de fundo de nosso desejo tão comum hoje em dia de sempre ser interessantes. (...) Sua grandeza consiste em se envolver com o cotidiano e fazê-lo com cuidado e atenção. Quem está ao seu redor pode confiar nele. (...) [Eis] o que importa no cotidiano: obediência ao que Deus quer de mim agora. (...) Nosso cotidiano não é sempre excitante. Envolva-se no usual de seu cotidiano. Tenha confiança de que encontrará nele tudo o que buscar. Não se trata de novidades interessantes, mas de sentir o que existe. (...) Quando o cotidiano se torna exercício, quando se torna lugar do encontro com Deus, ele se transforma.

O autor traz, também, comentários no mínimo interessantes sobre a legenda* de São Lourenço - santo que sofreu o martírio queimado vivo em uma grelha de ferro, por volta do século III. Num primeiro momento, pareceram-me difíceis de compreender e, até hoje, reler essa passagem dá-me o que pensar... Acompanhe:

Numa linguagem figurada: nossa vida deve ser bem-assada, atravessada pelo fogo do amor. Pode-se dizer que só assim nos tornaremos nutritivos, só assim os outros poderão viver de e por meio de nós. (...) O fogo é também imagem dos apuros da vida, do calor da luta em que sempre caímos no dia a dia. Onde as coisas esquentam, onde se luta e labuta, onde enfrentamos as controvérsias da vida, é aí que acontece a transformação. (...) A vida nos transforma quando nos entregamos a ela, quando nos deixamos assar na grelha que ela nos oferece.

Caro internauta: esses foram apenas alguns santos do elenco de 50 tratados por Anselm Grün. Entre eles, estão ainda: Santa Ana, "trate-se a si mesmo maternalmente"; São Brás, "atravesse seu medo"; São Jorge, "seja firme - você tem a força para se defender"; Heriberto, "vença sua aridez interna"; Maurício, "ouça o que lhe diz sua voz interior"; Mônica, "procure auxílio em sua dor"; Roque, "mostre suas feridas" (uma reflexão maravilhosa, esta!); Úrsula, "torne-se você mesmo e siga seu caminho"... E muitos outros mais.

Já li o livro "de cabo a rabo", como se diz, duas vezes. E vira e mexe, vou relendo um e outro capítulo. É uma fonte na qual não me canso de beber. Ajuda-me em momentos decisivos, especialmente, quando preciso perdoar e compreender a mim mesma e aos outros. SE você se enconrajar a adquiri-lo e viver apenas metade da minha experiência com ele, acredite-me, já terá valido a pena. Aproveite o Natal e presentei-se com 50 Santos! Boa Leitura!

*Para entender o conceito de legenda, consulte a seção ABCatólica do Blog!


Fotografia da mão com o livro, por Sam Mugraby (Photos8.com)


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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