17 de novembro de 2010

Sem medo de MERGULHAR em mim e ME DESPIR na confissão

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SPLASH! De vez em quando, por mais atarefados e dispersos que sejamos, temos que dar uma parada para mergulhar... No Mar De Dentro de nós mesmos! Li no site Mundo Estranho que 60% do corpo humano é água. Pois então. Somos atletas, nadadores ambulantes e, muitas vezes, nem nos damos conta disso. Seguimos por aí e acolá, boiando (isso, quando sabemos boiar) na superfície de nós mesmos, sem coragem de dar um mergulho pra valer a fim de, quem sabe, tocar no nosso fundão... E ver o que há por lá!

Por isto, adoro me confessar: é uma maneira e tanta de tocar no meu fundão! Ou melhor: o que gosto mesmo é de me preparar para as confissões. O preparo para um (bom) mergulho é importantíssimo. Caso contrário, mergulhamos, porém não vamos até o fundo, já que não preparamos o nosso fôlego para isso.

E eu me preparo escrevendo os meus pecados. Um a um. Por mais loucos e constrangedores que sejam. Se a Igreja Católica nos propõe a "desnudar" a nossa alma para que recebamos o Perdão, então, não dá para ser menos do que isto: diante do padre, e com o perdão da comparação inusitada, não dá para se despir pela metade. Topless não vale. A nossa alma tem que ficar nuazinha mesmo. Esse é o propósito da confissão.

O mais gostoso, desde que retornei à Igreja Católica Apostólica Romana, em 2007, é que nunca mais - nunca mais mesmo - padeci de sentimento de culpa. SE me arrependo do que fiz e confesso de verdade, SE desnudo a minha alma, revelando ao padre até a mais embaraçosa das minhas faltas, então, aliviei a carga da minha consciência e dos meus ombros. Ufa! E ouvir a absolvição de Deus através das palavras e das mãos do padre, que me abençoa com o Sinal da Cruz, é um dos momentos mais incríveis da minha vida!

OK. Você pode estar aí lendo estas linhas e pensando: "Isso é fácil para ela! Eu não consigo contar isto e aquilo que desejei ou fiz... É muito vergonhoso! Como eu vou ter a coragem de olhar para a cara do padre na missa do domingo seguinte?...".

Padre Léo (sempre ele, meu Amado e Saudoso diretor espiritual) contou uma vez, em uma de suas Maravilhosas Palestras na Canção Nova, um episódio de sua vida que ME CONVENCEU DE VEZ a deixar a minha alma nuazinha diante de um padre, na hora da confissão. Acompanhe, vale a pena.

Segundo o padre mineiro, uma ocasião, ele desenvolveu um problema nos intestinos e teve que fazer um exame, se não me engano, chamado de contraste. Com aquele seu jeito engraçadíssimo de pregar, Padre Léo narrou a "epopeia" que foi ter que ficar pelado, de bunda para cima, diante de uma enfermeira que ele nunca tinha visto antes na vida dele! Falou que o líquido que tomou, a fim de fazer o exame, dava-lhe "gases" e ele lá, diante daquela profissional estranha, nu e "soltando puns"!...

Engraçado, né? Sabe qual foi a Grande Lição que Padre Léo tirou dessa situação verídica, que ele enfrentou? Eis as palavras (conforme me recordo delas) desse homem maravilhoso, homem de Deus, que nos deixou justamente no mesmo ano em que retornei à Igreja:

Se vocês e eu, meus irmãos, temos a coragem de ficar pelados diante de estranhos, para salvar o nosso corpo, em benefício da nossa saúde, por que, então, não temos a coragem de fazer o mesmo pela nossa alma, que é muito mais importante do que o nosso corpo, diante do padre, pondo para fora todos os nossos pecados, inclusive aqueles que achamos mais sujos?

Foi aplaudido de pé. E com razão.

"Ah, Ana Paula, pra você deve ser fácil...", você ainda pode estar dizendo para si mesma(o), "... Mas eu não vou conseguir encarar o padre da minha paróquia e contar pra ele o que eu andei pensando, o que eu fiz...". Então, cara(o) internauta, faça como eu: anote todos os seus pecados, em casa, antes de ver o padre. Assim, quando chegar a sua vez de se confessar, em vez de olhar para a cara do pároco, olhe para o papel! Às vezes, é mais fácil ler a nossa lista de faltas durante a confissão, do que olhar para o padre...

O que temos que fazer é ter a coragem de contar-lhe. Para onde estivermos olhando, enquanto fazemos isso, é problema nosso! Certo?

Outra coisa que a confissão frequente me ensina (minha média é de 4 a 5 por ano), bem, é que ao preparar-me para ela, vejo o quanto sou fraca, o quanto eu erro, o quanto eu não presto. Essa consciência e o desejo da Piedade e da Misericórdia de Deus me levam a ter a mesmíssima compaixão para com O MEU PRÓXIMO. Isso só é possível através do exercício de mergulhar em nós mesmos, bem fundo...

... O que achamos lá no fundo é a prova de que, sem a Graça de Deus, não somos nada. E, se eu preciso contar com Ela e reconheço a minha fraqueza sem Ela, então, tenho que ter a mesma paciência e a mesma compreensão, que tanto peço a Deus, para com os meus irmãos. Vendo-me fraca e pedindo a absolvição de Deus, fico mais sensível para a fraqueza do meu próximo, que também pode (e deve) contar com o meu perdão. Em suma: mergulhar em mim torna-me apta a entender o meu irmão, tão humano quanto eu.

Oração para pedir o arrependimento
(Livro de Orações, Editora Ave-Maria)

Deus onipotente e misericordioso,
abre meus olhos para que descubra
o mal que pratiquei;
toca o meu coração para que,
com sinceridade,
me converta para Ti.
Restaura em mim o Teu amor,
para que resplandeça em minha vida
a imagem de Teu Filho.

Para encerrar este Post, deixo aqui algumas dicas de como proceder para receber o Sacramento da Penitência ou da Confissão ou da Reconciliação ou da Misericórdia de Deus. Elas foram retiradas do excelente livrinho Confessar-se - Como? Por quê? (Editora Canção Nova e Edições Loyola, 2007).

1ª - Enquanto aguarda a sua vez de falar com o padre, invoque "para si e para o próximo a luz do Espírito Santo e a graça de uma conversão radical".
2ª - "Aproximando-se do Sacerdote, faz o Sinal da Cruz. (...) Então, pode iniciar a confissão dizendo: 'Abençoe-me, Padre, eu pequei'".
3ª - Após contar tudo (tudo mesmo), com simplicidade e objetividade, é preciso ouvir os conselhos e as advertências do confessor. Nota: A Católica deu a dica de levar os pecados anotados, certo?
4ª - Então, é hora de rezar o ato de contrição.
Eu rezo este (e também o levo anotado, caso o "nervosismo" me faça esquecer!):

Confesso a Deus Todo-Poderoso
e a vós, irmãos e irmãs,
que pequei muitas vezes
por pensamentos e palavras,
atos e omissões,
(Nesta hora, bato o punho direito fechado duas vezes em meu peito:)
por minha culpa, minha tão grande culpa.
E peço à Virgem Maria,
aos anjos e santos
e a vós, irmãos e irmãs,
que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor.

5ª - "O Sacerdote pronuncia a fórmula de absolvição" e, em seguida, dá a penitência.
6ª - Então, deixamos a sala da confissão e, no banco da igreja, assentamo-nos um pouco para cumprir a penitência ou, simplesmente, agradecer a Deus.

Bom exame de consciência! Bom mergulho em si mesma(o)!! Boa confissão! Saúde e Paz!!

P.S. O Post desta quarta-feira é dedicado a minha prima Mônica Alessandra.


Fotografia de Petr Kratochvil

~Ana Paula~A Católica
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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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